Madara Uchiha: O Ninja Que Tentou Salvar o Mundo... Do Jeito Errado

Poucos personagens em Naruto carregam um legado tão denso e controverso quanto Madara Uchiha. Figura central na história do mundo ninja, sua trajetória atravessa os principais eventos do passado e do presente do universo criado por Masashi Kishimoto. Madara não é apenas o antagonista de uma grande guerra — é a personificação das consequências de séculos de violência, perda e desconfiança. Sua história começa com um ideal nobre e termina com um plano de dominação global. No meio do caminho, estão os elementos que o transformaram em um símbolo de dor e complexidade.

ANIMES

Helena Fortuna

7/23/20253 min ler

A origem em tempos de guerra

Madara nasceu na era dos clãs, um dos períodos mais violentos da história do mundo ninja. O conflito entre os Uchiha e os Senju, dois dos clãs mais poderosos, determinava o rumo da sociedade. Nessa realidade brutal, a morte era uma constante, especialmente entre os mais jovens.

Ainda criança, Madara conheceu Hashirama Senju, alguém com quem compartilhava o desejo de construir um mundo onde crianças não precisassem empunhar armas. Apesar de pertencerem a clãs rivais, os dois formaram uma amizade que resistiu, por um tempo, ao peso da guerra. No entanto, a repetição das perdas familiares e o enraizamento do ciclo de vingança abalaram o idealismo de Madara.

A esperança, aos poucos, foi substituída pelo ódio. O que antes era um desejo de paz se transformou em frustração diante de uma realidade que se mostrava imutável.

A criação de Konoha e a ruptura definitiva

A aliança entre Uchiha e Senju resultou na fundação de Konohagakure, a Vila Oculta da Folha, um projeto ambicioso que prometia quebrar o ciclo de guerras entre clãs. Pela primeira vez, havia a possibilidade de construir um sistema baseado na convivência e na cooperação.

Contudo, o clima de desconfiança em relação ao clã Uchiha permaneceu. Madara começou a perceber sinais de exclusão e manipulação política, o que reacendeu sua desconfiança. Ao tentar alertar seu próprio clã, foi ignorado, tanto pelos Uchiha, quanto pelos líderes da vila. A sensação de traição e isolamento culminou em sua saída da vila e, posteriormente, no confronto contra Hashirama, no lendário embate do Vale do Fim.

Derrotado, Madara desapareceu do cenário oficial. Mas sua influência, longe de cessar, apenas se transformava.

O Plano Tsukuyomi Infinito: A Paz Forçada

Em segredo, Madara dedicou os anos seguintes a aprofundar seus conhecimentos sobre o chakra, o Rikudou Sennin e os segredos por trás da criação do mundo ninja. Ao despertar o Rinnegan e controlar a Estátua Gedou Mazou, ele desenvolveu o chamado Plano Tsukuyomi Infinito, um genjutsu massivo que aprisionaria a humanidade em uma ilusão perfeita e eterna.

Na concepção de Madara, a verdadeira paz jamais poderia ser alcançada com livre-arbítrio. Apenas sob controle total, seria possível eliminar o sofrimento humano. Assim, ao final da vida, ele confiou a execução desse plano a Obito Uchiha, dando início a uma nova fase de manipulações e conflitos.

O retorno na Quarta Grande Guerra Ninja

Durante a Quarta Guerra Ninja, Madara foi trazido de volta à vida por meio do Edo Tensei. Seu retorno foi marcado por um desequilíbrio total das forças em combate. Em poucos instantes, ele derrotou um exercito inteiro, humilhou os cinco Kages e se consolidou como uma ameaça de proporções globais.

Posteriormente, ao se tornar o Jinchuuriki do Juubi, Madara atingiu um nível de poder quase divino. Mas, no auge de sua dominação, acabou sendo traído por Zetsu Negro, que usou seu corpo para ressuscitar Kaguya Otsutsuki, a progenitora do chakra.

O ninja que havia arquitetado décadas de planos se viu, no final, como peça de um jogo ainda maior.

Uma figura trágica: legado e reflexões

Madara Uchiha é, acima de tudo, um personagem trágico. Não foi movido por ambição desmedida, mas por uma crença distorcida de que a paz exigia controle. Ele tentou criar um mundo sem dor, mas optou por meios que anulavam a liberdade.

Seu legado permanece como um dos mais simbólicos de Naruto: ele representa o perigo das soluções radicais, mesmo quando nascem de intenções legítimas. Foi um gênio, um líder e um idealista, mas também um homem consumido pela dor e pela falta de fé na humanidade.

A diferença entre ele e os protagonistas da série, Naruto e Sasuke, está na escolha de caminhos. Enquanto Madara buscou impor a ordem pela força, Naruto acreditou na possibilidade de mudar as pessoas pelo diálogo e pela empatia, quebrando o ciclo da guerra ao confiar, não ao controlar.

Madara Uchiha é, sem dúvida, um dos personagens mais bem construídos da franquia. Sua história não é apenas sobre batalhas e planos ambiciosos, mas sobre os impactos da violência sistêmica, do luto e da desilusão com o mundo. Ele não foi apenas um vilão. Foi uma vítima de um sistema falho que tentou reformar, ainda que de forma extrema.

A pergunta que fica é: se alguém vivesse tudo o que Madara viveu… faria algo diferente?

Créditos obrigatórios:

  • Personagem: Madara Uchiha, criado por Masashi Kishimoto

  • Universo: Naruto (2002–2017), publicado pela Shueisha

  • Imagens, quando utilizadas: Reprodução/Studio Pierrot

  • Texto: Helena Fortuna (Blog Helena Fortuna Animes)

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